Todo amante de vinho sabe que o mundo da enologia apresenta uma riqueza e variedade de experiências e sabores incomparáveis. Mas, para boa parte dessas pessoas, um dos estágios iniciais dessa jornada de descoberta reside na apreciação de duas das uvas mais populares e celebradas: a Cabernet Sauvignon e a Merlot.

Embora semelhantes sob alguns aspectos e frequentemente usadas em vinhos de qualidade, elas têm algumas características que as diferenciam. Vamos dar uma olhada mais de perto?

Sim, ambas são originárias da mesma região. A Cabernet Sauvignon tem suas raízes na região de Bordeaux, na França, onde é considerada uma das castas nobres. A Merlot também é originária de Bordeaux e é frequentemente usada em cortes com Cabernet Sauvignon e outras variedades.

É no perfil de sabor que as diferenças começam a aparecer. A Cabernet Sauvignon é mais conhecida por sua estrutura e taninos robustos, oferecendo sabores de frutas escuras como cassis e amora, complementados por notas de pimenta, tabaco e carvalho, especialmente quando envelhecida em barris de carvalho. Já a Merlot é mais macia, tendendo a apresentar sabores mais suaves de frutas vermelhas como cereja e ameixa, com notas herbáceas e terrosas. Seu perfil é geralmente mais acessível e menos tânico que o da Cabernet.

Tais características resultam num corpo mais completo e uma estrutura mais robusta, com taninos mais pronunciados que proporcionam uma sensação mais seca e texturizada na boca, no caso da Cabernet Sauvignon. Enquanto isso, a Merlot costuma ter um corpo mais leve a médio, com taninos mais suaves e uma sensação mais suave na boca. Isso a torna uma escolha popular para aqueles que preferem vinhos menos intensos.

Em termos de versatilidade e harmonizações, as semelhanças entre essas duas uvas voltam a aparecer. Ambas são extremamente versáteis e são usadas em uma variedade de estilos, desde os vinhos de corte, tradicionais de Bordeaux, até os vinhos varietais puros. Além disso, casam bem com carnes, massas e queijos, embora quase sempre seja preferível combinar a Cabernet Sauvignon com versões de pratos mais “fortes” (carnes vermelhas, refeições ricas em molho e queijos gouda, parmesão e cheddar, por exemplo), enquanto a Merlot será o acompanhamento perfeito para massas mais cremosas, frango e queijos mais suaves.

Nos últimos anos, o consumo de podcasts tem crescido exponencialmente, oferecendo uma vasta gama de conteúdo para todos os nichos. Para os amantes de vinho, essa tendência tem gerado uma maneira envolvente e acessível de explorar o tema, desde as técnicas de degustação até as histórias por trás de cada rótulo.

À primeira vista, o mundo dos vinhos pode parecer intimidante para alguns, com sua complexidade de regiões vinícolas, variedades de uvas e terminologias específicas. No entanto, os podcasts têm desempenhado um papel fundamental em tornar o tema mais acessível e convidativo para todos os interessados. Ao ouvir podcasts sobre vinho, os entusiastas podem expandir seu conhecimento, aprimorar suas habilidades de degustação e descobrir novas e emocionantes vinícolas e produtores.

E como nunca é tarde para aprendermos um pouco mais sobre as coisas que amamos, resolvemos selecionar 6 podcasts (3 em português e 3 em inglês - assim dá até para praticar o listening!) que certamente contribuirão para as suas experiências de degustação e descoberta de novos e fascinantes rótulos mundo afora. Vamos a eles:

→ Em português

Aulas de Vinho: apresentado por Marcelo Vargas, que atua como professor de pós-graduação da Università di Camerino (Itália) e PUCRS, este podcast busca trazer verdadeiras aulas sobre regiões vinícolas ao redor do mundo, com muitas curiosidades e rico conhecimento.

UmamiCast: este é o podcast do portal Umami, que oferece conteúdos sobre vinhos, dicas gastronômicas, roteiros de viagens e todas as coisas boas da vida. Com uma abordagem informal, trata-se de uma ótima porta de entrada para os amantes de vinho.

Simples Vinho: a proposta é falar sobre vinhos de maneira descomplicada. Apresentado por Fabiana Knolseisen, este podcast tem de tudo um pouco: estilos e regiões vinícolas, histórias, curiosidades, ícones do mundo dos vinhos e dicas de passeios.

→ Em inglês

Wine for Normal People: este podcast é apresentado por Elizabeth Schneider, que aborda diversos temas sobre vinhos de uma maneira acessível e divertida, voltada para pessoas que desejam aprender mais sobre o mundo do vinho sem complicações. Perfeito para os iniciantes e um prazer para os iniciados.

The Wine Enthusiast Podcast: este programa é uma extensão da revista Wine Enthusiast e apresenta conversas sobre uma variedade de tópicos relacionados ao vinho, incluindo regiões vinícolas, técnicas de degustação, recomendações de vinhos e muito mais.

Nesta semana, mais precisamente em 15 de abril, é celebrado o Dia da Conservação do Solo, um marco importante para refletirmos sobre a preservação deste recurso fundamental para a sustentabilidade ambiental e a produção de alimentos. Ano após ano, essa data ganha ainda mais relevância diante do quadro de transformações climáticas que estamos vivenciando. E isso pode trazer impactos importantes para nós, amantes de um bom vinho.

Um artigo recentemente publicado na revista científica Nature analisou como as mudanças climáticas, incluindo alterações de temperatura, precipitação, umidade, radiação e dióxido de carbono, devem impactar as regiões vinícolas no mundo. O estudo aponta que, no caso de aumentos de temperatura superiores a 2° celsius, espera-se que a área de superfície adequada para a viticultura diminua 70% ainda neste século. Isso inclui até 90% das regiões mais tradicionais do mundo, como Itália, Espanha e Grécia.

Como sabemos, as regiões vinícolas são verdadeiras jóias da natureza, não apenas pelas lindas paisagens que proporcionam, mas também pela importância econômica e cultural que representam. No entanto, esses locais estão sob crescente ameaça devido aos efeitos das mudanças climáticas. Temperaturas extremas, padrões de precipitação imprevisíveis e eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais comuns, colocando em risco a viabilidade das vinícolas e a qualidade dos vinhos produzidos.

A conexão entre a conservação do solo e a sobrevivência das regiões vinícolas é profunda e inegável. O solo é o alicerce fundamental para o cultivo das uvas, fornecendo nutrientes essenciais, regulando o fluxo de água e abrigando comunidades microbianas que desempenham papéis vitais na saúde das plantas. No entanto, a degradação do solo, seja por meio da erosão, da compactação ou da perda de matéria orgânica, compromete sua capacidade de sustentar a vida vegetal, tornando as vinhas mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.

Por isso, é essencial que redobremos nossos esforços para promover a conservação do solo em todas as áreas, especialmente nas regiões vinícolas. Isso significa adotar práticas agrícolas sustentáveis, como a rotação de culturas e a redução do uso de produtos químicos prejudiciais. Além disso, é necessário investir em pesquisas e tecnologias que ajudem os viticultores a adaptarem-se às condições climáticas em rápida mutação.

Ao celebrarmos o Dia da Conservação do Solo neste 15 de abril, devemos lembrar que nossa capacidade de proteger e regenerar esse recurso vital não só garante a sobrevivência das regiões vinícolas, mas também contribui para a resiliência de todo o ecossistema agrícola e para a segurança alimentar global. É hora de agir com urgência e determinação para preservar o solo que sustenta nossa vida e nossas tradições.

Você já se deparou com o termo "vinho fechado" ao degustar um vinho e se perguntou o que exatamente isso significa? Em termos simples, quando dizemos que um vinho está "fechado" estamos nos referindo a uma fase em que suas características aromáticas e gustativas parecem estar menos expressivas do que o esperado. Isso pode acontecer por diversos motivos, sendo os mais comuns relacionados ao processo de vinificação e ao envelhecimento da bebida. 

Uma das razões mais comuns para um vinho estar "fechado" é o seu estado de juventude. Muitos vinhos, especialmente aqueles que se beneficiam mais do envelhecimento, passam por uma fase de "dormência" em sua juventude, onde os aromas e sabores ainda não se desenvolveram completamente. Isso pode ser atribuído à presença de compostos como taninos e ácidos que ainda não estão completamente integrados.

Além disso, fatores como transporte inadequado, armazenamento impróprio ou até mesmo o momento de abrir a garrafa podem influenciar na percepção de um vinho, tornando-o "fechado". Porém, é importante ressaltar que essa fase não é necessariamente um sinal de baixa qualidade. Muitos vinhos de alta qualidade passam por essa fase de "dormência" antes de revelarem todo o seu potencial. 

Então, o que fazer quando você se deparar com um vinho "fechado"? Uma boa dica é aerá-lo antes de consumir. Isso pode ser feito simplesmente deixando a garrafa aberta por um tempo antes de servir, ou até mesmo utilizando decantadores para acelerar o processo de oxigenação. Com um pouco de paciência e cuidado, você pode ajudar o vinho a revelar gradualmente suas características únicas. Da próxima vez que se deparar com um vinho "fechado", lembre-se de que ele pode estar guardando surpresas incríveis, prontas para serem descobertas!

Você é um aficionado por detalhes minuciosos do vinho? Se sim, certamente já se deparou com dados técnicos sobre vinho antes. Mas, afinal, o que podemos aprender ao olhar para as fichas técnicas de vinho? Apesar de ser um tópico mais complexo, qualquer um pode entender o básico - isto é, qualquer um que queira conhecê-lo! 

Pensando nisso, separamos alguns termos, que foram listados no portal Wine Folly, e fazem parte da ficha técnica e que podem dizer muitas coisas sobre o rótulo escolhido.  Vamos lá?

Lembrando que os dados técnicos não definem a qualidade de um vinho, mas podem ajudar a entender um vinho específico, especialmente ao comparar diferentes safras.

Acidez: O nível de acidez nos informa sobre a concentração de ácidos presentes no vinho. 2 g/l é uma acidez muito baixa e o vinho terá um sabor fraco, enquanto 10 g/l é alto e muito ácido. Tipicamente, os vinhos variam entre 4 e 8.  

pH: O nível de pH nos informa quão intensos os ácidos são ao paladar. A relação é inversa, portanto, quanto menor o número de pH, mais intensos serão os ácidos presentes no vinho. O número é logarítmico, então um pH de 3 tem 10 vezes mais acidez do que um pH de 4.  

ABV: Este é o percentual de álcool no vinho. A maioria dos vinhos varia de 10 a 15% de álcool, embora haja vários vinhos especiais, como o Moscato d'Asti (muito baixo) ou o Porto (muito alto), nos extremos. 

Envelhecimento/Maturação: Isso nos diz a metodologia que os enólogos usam para envelhecer os vinhos, incluindo se os vinhos foram envelhecidos em carvalho e por quanto tempo. Alguns também nos dirão o tipo de carvalho (francês, húngaro ou americano) e quão novos são (novos vs. usados ou "neutros"). O envelhecimento do vinho é mais comum com vinhos tintos do que com vinhos brancos.  

Fermentação Malolática (FML): A resposta geralmente é "sim" ou "não", e nos diz se o enólogo optou por converter um ácido com sabor azedo, o ácido málico, em um ácido com sabor mais suave e cremoso chamado ácido láctico. Quase todos os vinhos tintos passam por FML, e muito menos os vinhos brancos. Um vinho branco que comumente passa por FML é o Chardonnay, por exemplo.

RS: Isso significa Açúcar Residual e é a medida de doçura no vinho. Tipicamente, vinhos com menos de 10 g/L são considerados secos. Muitos vinhos secos não têm açúcar residual algum. Confira este gráfico que compara a doçura dos vinhos.  

Brix: Esta é uma medida do percentual de açúcar no suco de uva na colheita. Assim, 24 Brix é 24% de doçura. Brix nos diz o quão maduras e doces estavam as uvas quando foram colhidas.

Você conhecia os termos e seus significados? Uma dica extra: uma das melhores maneiras de se familiarizar com as fichas técnicas é encontrar seu vinho favorito e verificar sua ficha. Vincular um sabor familiar com as informações na página o ajudará a reconhecer as características de um vinho com mais facilidade.